quarta-feira, dezembro 22, 2004

As alternativas

A previsibilidade dos resultados eleitorais em Portugal não é um aspecto negativo por si só. Na verdade, o mesmo acontece em quase todos os países desenvolvidos da Europa, como a Alemanha, a Espanha ou o Reino Unido (neste caso a situação é ainda mais monótona). Os exemplos europeus que contrariam esta tendência não são assim tão positivos como isso, e normalmente derivam do aparecimento de partidos de extrema-direita, como na Holanda e em Itália. O problema português portanto é outro, está relacionado com a deterioração da classe política, sobretudo nos partidos de poder. Compreendo portanto a frustração do Alexandre, acho que perante os fracassos dos governos socialistas e sociais-democratas seria natural que os portugueses castigassem estes partidos e distribuíssem os votos de uma outra forma. Acontece que não surgem alternativas ao PSD e ao PS. Como sou de esquerda, cinjo-me a esta área e dispenso-me de falar da situação da direita em Portugal.
Vejamos, temos o PS, colocado moderadamente à esquerda. E depois temos a milhas de distância dois partidos colocados numa posição radical à esquerda (refiro-me aos que têm assento parlamentar, mas as coisas não mudam com os outros que proliferam pelo país): o PCP (com ou sem Os Verdes), completamente caduco, que pegou de estaca no Marxismo-Leninismo, seja lá o que isto significa nos dias de hoje; e o BE, que resultou duma miscelânea de pequenos partidos de extrema-esquerda e aí se posicionou, anticlerical, anti-europeu, anticapital, num discurso populista que afugentaria todos os investidores, nacionais ou internacionais (nunca considerei muito correcta a sua denominação, julgo que justamente deveria mudar para BEE – Bloco de Extrema-Esquerda). Quem for de esquerda e se recusar a dar o seu voto a um partido extremado, sobretudo se este for contra a Europa, não tem alternativas. Ou se abstém ou vota nos socialistas. Eu prefiro a segunda hipótese para evitar que a direita se mantenha no poder. Acredito que seja bonito dizer que entre o PS e o PSD não há grandes diferenças, mas a verdade é que há, sobretudo ao nível das medidas de apoio social e cultural. Sobre isto haveremos de falar muito ao longo desta campanha eleitoral.


Comments:
PS de esquerda moderada ? hoje os partidos não se dividem sobretudo em partidos humanistas e partidos materialistas-monetaristas?...

os segundos governam na actualidade, os primeiros governarão (infelizmente só) daqui a alguns séculos...

porque é que voto nos primeiros? pq atingimos um grau de evolução bio-MENTAL Humano (infelizmente o actual grau de civilização humana não lhe corresponde. Deus dá nozes a quem parece não ter dentes!) que na minha opinião possiblita a sustentação de políticas de essência (primordial) humanista. Os segundos partidos dominados sobretudo por economistas, gestores, engenheiros, advogados, burocratas,... com receio de perderem os tachos noutros modelos de sistemas organizacionais (e de feição realmente democrática) matam-se e esfolam-se por apelar ao pseudo sentido de responsabilidade social com slogans como : ´nós somos realistas, os outros são utópicos. o caos seguir-se-á se não nos apoiarem.´ e lá vai a maioria votando para garantir que os seus haveres e salários continuem a crescer balofos como as ideias subjacentes.

p.s. 1: Peguem num panfeto politico do CDS de 1975 e num do PS de 2004 e tentem descobrir uma diferença fundamental no que concerne ao pensamento económico dos dois. vão ter muita, muita dificuldade...

p.s. 2: qd me refiro à evolução bio-mental humana, pretendo referir-me ao desenvolvimento humano em vertentes como a cognitiva, psicológico-social, emocional, lógica,...
 
E quem são esses partidos humanistas de que tanto falas? O BE? O PCP? Gostava de saber mas digo-te já que desconfio sempre das grandes ideologias redentoras. Fazem-me lembrar alguns exemplos bem conhecidos do séc. XX, que provocaram os maiores desatres humanitários da história. Os países com maior progresso seguiram sempre caminhos pragmáticos. Desenvolveram-se a partir da resolução de pequenos problemas. Por isso, acredito sempre mais na evolução do que na revolução. Esta apenas se justifica em situações extremas.
 
Esses 2 partidos (BE e PCP) realmente não reflectem uma truly ideologia humanista (em parte pelo facto de, desde sempre, o poder estar concentrado nos outros partidos e estes ditaram as regras do jogo), contudo relevantes sectores destes partidos esforçam-se por abrir vias para a afirmação dessas directrizes humanistas. E imbuídos do espírito humanista, a mudança far-se-á por força da razão e não por forças materiais.
A evolução/mudança que aludo é inata ao Homem, no sentido de uma maior vivência imaterial, de cambiantes mais espirituais. E quando essa assumpção se torna mais clara(vidente), por exemplo como aconteceu nos anos 20 nos países ocidentais, onde a filantropia (sentimento de si, Homem), tolerância e erudição das comunidades prosperava, surgiu alguém que mesquinhamente não quis afrontar esta emergente realidade de uma vivência participada, afectiva e genuína e crivou de ferro e aço milhões de corpos, porventura no intuito de pungir a sua loucura por sua manifesta inaptidão na nova ordem social. Na actualidade temos outro espinhoso arbusto que atemorizado pela ascensão da democracia participativa global e imbuída de matizes culturais e intelectivas (onde a web é uma das salientes pontas deste icebergue), se tem se esforçado por alterar o rumo da esfera azul ainda mais que o Global Warming. E esta mudança poderá ser irreversível com os valores humano(ide)s a tornarem-se em definitivo sinónimos de força material bruta, devastadora, ávidamente expansiva e não elementos de concórdia e de intercambio multidimensional.
Falar em países com maior progresso (material, por suposto), países que usufruiriam à partida de recursos materiais substanciais e que mesmo assim tiveram de explorar países terceiros para se afirmarem, é entrar em areia movediças, pois se no baile irromper (e.g.) o novo dragão asiático chinês, a lógica é que o puré apurado vira batata disforme.

Um modelo com algumas similitudes, ao humanista por mim preconizado, porventura poderá ser um forúm comunitário online (com pelo menos meio milhar de membros activos por dia - já existem muitos na actualidade) a exchange ideas, feelings, … Esses fóruns tendem a auto moderar-se de forma natural, requerendo quase somente técnicos para os administrarem, ou seja os membros incorporam as regras e mesmos os mais obstinados acabam assumindo uma conduta que se pauta por uma ética de respeito, equidade, justidão e participação democrática. A força das ideias sobrepuja-se à ideia da força.

Em todos os domínios as regras sócio-democráticas têm de ser interiorizadas, e reconhecida a sua validade e pertinência por cada indivíduo, de modo que a conduta dos homens se reja pelos reais valores éticos e morais que são ingenitamente humanos.
O problema é que hoje os valores e princípios ocultam-se em demasia no interior de compactos volumes certamente mortificados com a perversão que deles (valores) é feita por esta ignota (in)civilização.
 
que se lixem os resultados eleitorais, as sua previsões e outros q tais... é Natal e eu desejo-vos o melhor de todos... :)
siX
 
Obrigado Six, bom Natal para ti também e parabéns pelo excelente blogue.
 
Queria escrever siX e saiu-me Six. para não ferir possíveis susceptibilidades, aqui vão as minhas desculpas.
 
Olha, desejo-te um grande Natal na companhia de todos e obrigado por tudo.
Para a semana cá nos encontramos.
 
Obrigado mfc e bom Natal para ti também.
 
"O HOMEM sonha a obra nasce". (não tenho + nada para dizer!) :P
 
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