domingo, setembro 04, 2005

O fim do Rotação Difusa

Era nosso desejo manter o Rotação Difusa pelo menos até 8 de Outubro, para que este pudesse completar um ano de existência.
Por razões diversas, não foi possível alcançar esse objectivo, e por isso anuncio o fim do blogue. Uma palavra de agradecimento a todos os que nos visitaram. Quem nos quiser encontrar poderá visitar-nos nos "blogues dos membros": A bola entre nós (todos os membros do RD), Caixa de Música (Alexandre Mano), 1 minuto (Fernando Vilarinho), um par de botas (Fernando Pontes).

sexta-feira, setembro 02, 2005

já guardo boas memórias...

Decidi que a partir de agora deixo de ser colaborador do Rotação Difusa. As razões subjacentes prendem-se sobretudo com a falta de motivação para escrever mais aqui. O pessoal daqui, que é todo porreiraço, que não me leve a mal.

Entendi ressuscitar o 1 Minuto , numa época onde tantas múmias erram por este país.

Agradeço ao Mário ( e Alexandre) o convite que me foi dirigido para rabiscar aqui. E um abraço aos outros membros. E outro abraço ao pessoal (muitos poucos mas creio bons) que visita(ram) este blogue.

BIENI,

fv

p.s. coloquei o nome do Alexandre entre parêntesis apenas por não ser o fundador deste blogue

quinta-feira, setembro 01, 2005

Muita Falta de Chá!


Suscito que um certo psiquiatra inclua no receituário ao seu corriqueiro freguês, um pretenso amarantino, que ainda ontem à noite, estupidificado pelos holofotes da roça dos tachos (que cobiça um dia também sujeitar) se tomou por Senhor DOUTOR do insulto e do charlatanismo alarve ; a leitura do “Livro de Chá”, acompanhada desta sã bebida, com ervas de camomila para aplacar a sua cônscia destemperança e as suas insolências.

Transcrevo alguns excertos traduzidos das primeiras páginas deste livro. Tudo o resto confio à vossa intimidade.

O culto do chá assenta no encantamento pela beleza envolvente em contraponto aos factos prosaicos sobrevindos na nossa existência diária. Incute rectidão e harmonia, a prática do entendimento mútuo e a idealidade de uma ordem social conforme.
Trata-se essencialmente de um propósito inalcançável, imperfeito, uma vez que é uma tentativa muito delicada de atingir algo possível nesta coisa impossível à qual chamamos vida. (…)

Na nossa linguagem comum costumamos dizer que um homem ´não tem chá´ quando não é sensível aos interesse trágico-cómicos do drama pessoal. (…)

Mas quando pensamos quão minúscula é afinal, a chávena do prazer humano, quão rapidamente transborda de lágrimas, quão facilmente se esgota devido a esta sede insaciável de infinito, não nos podemos culpar por dar tanta importância à chávena do chá. (…)
Aqueles que não conseguem sentir a insignificância das coisas grandes nele próprios tendem a ignorar a grandeza das insignificâncias nos outros. O culto do chá é nobre segredo de rir de si mesmo, calma mas profundamente, e isto é a essência do humor – o sorriso da filosofia. (…)
Entretanto bebemos um gole de chá. O brilho da tarde ilumina as canas de bambu, as fontes borbulham satisfeitas, o zunido do vento por entre os pinheiros ouve-se na nossa chaleira. Sonhamos pois com a evanescência e contemplemos a leva beleza das coisas."

O livro do Chá foi escrito em 1906 por Okakuro Kakuso um japonês que passou a última década da sua vida nos Estados Unidos a permutar os vastos seus conhecimentos.

p.s.: misto de opção/disponibilidade quase não tenho seguido os debates eleitorais da SicNotícias. Recordo-me do de Oeiras, ontem de Amarante, hoje Gondomar (sem Valentim L.). Braga, Leiria e Felgueiras também já tiveram ou devem ter presença assegurada, e se calhar Amadora tb. E estou a ver o peixe mais miúdo desta trupe: Castelo de Paiva, Alcochete e afins também a exigir tempo de antena.
Os juízes deste país já têm programa para se entreterem de noite.

Fonte da foto: Elvis Hoshida_ Photosushi


quarta-feira, agosto 31, 2005

Parabéns!


Os nossos parabéns ao mfc por um dos seus blogues, o Pé de Meia, ter completado um ano de existência. Ufa, passou rápido!
Que continue por muitos e bons anos com o empenho e categoria que o distingue.

A montanha pariu um poeta

O homem até começou bem, determinado e seguro, naquela voz solene de bardo, a proclamar a República e a Democracia, incisivo nas críticas ao Partido Socialista e a Mário Soares. Parecia lançado.
Até que surgiu aquela palavra nefasta: “mas”. Quem se predispõe para a luta não utiliza tal conjunção, pensei. Pediu água, tossiu, gaguejou, entristeceram-se-lhes as feições e todo o porte de aristocrata se desfez. Não era aquilo que ele queria dizer, não era este o discurso que preparara. Foram as fraquezas de camarada.


terça-feira, agosto 30, 2005

Conversa no comboio

- Para vermos como este país anda, agora o homem, que já tem oitenta e um anos, quer ir para presidente outra vez.

- Por acaso temos melhor que ele, não?

- E se o homem morre? O que é que fazemos? Entregamos tudo aos espanhóis?

HIPERBOREA

Ontem recebi um mail de um amigo que já não o vejo, há muito, muito tempo: o Rui Jorge.
Mandou-me um mail com uma música dos finados HIPERBOREA. Uma banda de Vila do Conde. Uma banda que surgiu por "acaso" e terminou sem saber como. É uma questão que ainda me interrogo. Mas enfim, eles lá sabiam. Julgo que as bandas de música não são dos 15 aos 30, basta olhar para a energia do Iggy Pop.
Voltando aos HIPERBOREA: quem me conhece sabe que tenho inumeras Ka7s de variadissímas gravações de bandas da década de 80 e 90 (mas a mais especial é a que tem os JOY DIVISION, gravação de 1985).
Ontem quando cheguei a casa fui ver onde estavam as minhas antiguinhas Ka7s...e encontrei uma gravação In Loco dos HIPERBOREA, e comecei a ouvir. Não sei se me consigo situar no tempo (da música). Mas enfim!! Lá ouvi, ouvi... e vai ser a minha Ka7 de audição nas próximas semanas.
A nostalgia da música... dos HIPERBOREA: 25 october; faithfull day; one deep mistake; ends beginning; passing through; shadow hunting; ancient man; mirror, valhalla... entre muitas outras.

segunda-feira, agosto 29, 2005

A 1ª Portuguesa a tentar ascender a um 8 mil (metros).


Shisha Pangma

Daniela Teixeira tentará tornar-se a primeira portuguesa a ascender a uma dos catorze montanhas do mundo que atingem uma altitude superior a 8 mil metros. A montanha é o Shisha Pangma (8 046 metros) situada na cordilheira dos Himalaias, mais concretamente no sul do Tibete. Daniela Teixeira será acompanhada pelo seu habitual colega nas últimas expedições, Paulo Roxo. A partida de Lisboa está marcada para o dia 31 de Agosto.

No Outono de 2003 tomei contacto com os preparativos das expedições anteriores da Daniela Teixeira e do Paulo Roxo, que decorreriam em 2004, pois um aluno meu da Secundária do Barreiro, um dos organizadores do Portugal Ecoaventura e dirigente do Clube de Montanha do Barreiro, é um grande amigo dela. Essas expedições foram em Janeiro ao Aconcágua (6959 m), o maior pico dos Andes e do continente americano ; e em Agosto à cordilheira do Pamir (Rússia), onde Daniela se tornou a primeira mulher portuguesa a subir uma montanha com mais de 7 mil metros de altitude, o Korzenevskaa (7105 m). Nessa expedição a tentativa de subida ao pico Comunismo (7495 m) não foi contudo granjeada.

O Shisha Pangma tentará ser ascendido nesta expedição, no final do mês de Setembro, após um período de aclimatação, e pela face sul, segundo uma variante da “British Route”. Esta expedição tal como a anterior aos Pamires, conta com um website próprio na Campo Base.

O Shisha Pangma é um dos catorze oito mil cujo cume ainda não foi alcançado por portugueses. Em 1993 João Garcia realizou uma sua primeira tentativa, mas inesperados problemas de saúde, a par das más condições atmosféricas não permitiram que o realizasse. Em 2002 João Garcia voltou a tentar ascender a esta montanha, só que de novo as más condições atmosféricas (consequência do El Niño), inviabilizaram a ascensão. Recordo que em 2001 foi preparada uma expedição 100% portuguesa para escalar esta montanha, organizada pela Desnível, e liderada por João Garcia, com mais 4 alpinistas, entre os quais se contava justamente Paulo Roxo, mas a desistência (à última hora) de um importante patrocinador (o grupo MediaCapital), deitou por terra meses de trabalho de preparação da expedição.

Penso que a estação televisiva SIC irá acompanhar esta expedição. Estejam atentos e aproveito para desejar o melhor sucesso aos dois alpinistas. Força e gozem o máximo!


Figo maduro renova motivação.

Gostei muito de saber que Luís Figo voltou a jogar com bastante motivação (e com a qualidade de futebol que sempre demonstrou). E claro, que a sua nova equipa o Inter de Milão tenha ganho 3-0 em casa. Sempre segui com muita atenção a carreira profissional deste luso da minha geração (nasceu sete semanas depois de mim). Figo, Deco, Ronaldo, Jorge Andrade, R. Carvalho, e afins continuam a representar com excelência o nome de Portugal, e a todos os níveis. É que ser o melhor na sua profissão por vezes não chega. Também é salutar não se ser arrogante e mesmo não receber o soldo de supostos gansgters e mafiosos.

Hipocrisias

Calhei de passar pelo “sítio” de João Pereira Coutinho – um ser que, confesso, me provoca azia - e li esta pérola do pensamento do home: «As retiradas de Sharon servem, pelo menos, para destapar a hipocrisia local (e ocidental). Depois do adeus, não haverá desculpas».

E não é que eu estava convencido de que os israelitas se limitavam a devolver uma pequena parte do que andaram a gatunar durante décadas aos palestinianos. Que hipócrita que eu era!!


Iberismo e Cooperação - Passado e Futuro da Península Ibérica.


“Iberismo e Cooperação - Passado e Futuro da Península Ibérica” da autoria de Valentin Cabero Diéguez, publicado em Março de 2005, inaugurou a colecção “Iberografias” da Campo das Letras, em associação com a CEI, e é uma edição bilingue (bem expressiva da asserção da multiculturalidade, propensa a esta colecção).

O autor é um reputado Professor Catedrático de Geografia da Universidade de Salamanca, membro da Comissão Executiva do CEI, e Professor convidado de inúmeras faculdades de diversos países, entre as quais das Universidades de Coimbra e da Beira Interior. Cabero Diéguez afigura-se actualmente um dos maiores especialistas ibéricos dos estudos sobre as áreas raianas e de montanha ibéricas, e como tal tem consagrado diversos e relevantes ensaios sobre algumas regiões portuguesas raianas.

No ensaio deste livro Cabero Diéguez expõe a sua linha de pensamento sobre os horizontes do Iberismo, do (des)conhecimento mútuo das nações que a povoam e das salutares formas de convivência e cooperação entre elas. A exposição assenta sobretudo numa vertente histórica e geográfica, desde os primórdios das civilizações que ocuparam a Península até à actualidade, com maior ênfase no último século, de forma a nos proporcionar um panorama e uma percepção consentâneamente meticulosas com a complexidade dos múltiplos factores e variáveis que se intersectaram neste “mosaico ibérico”(J. Saramago) ao longo dos múltiplos sistemas e modos de vida que nele subsistiram.

Porque quando falamos em Ibéria referimo-nos designadamente ao território (delimitado), ao espaço, aos lugares; o autor enfatiza a influência que o modelado geográfico bem heterogéneo, tal como os climas e o coberto vegetal e solo produziram sobre as populações (e sua repartição), as suas edificações e os seus mesteres agrícolas, industriais e comerciais, bem espelhadas na variedade das paisagens rurais e urbanas que se sucedem na meseta ibérica. No entanto, e mesmo possuindo a fronteira mais antiga da Europa, “é legítimo falar de civilização mediterrânica e de feição mais singular de uma civilização ibérica que entrança, com práticas e formas comuns, os modos de vida que transcendem as diversidades e localismos daqui e dali”. (Cabero Diéguez)

No meu entender mesmo as povoações raianas revelam-se usualmente duas faces da mesma moeda, cujo vínculo e respectivas relações transfronteiriças assumem uma natural inevitabilidade, por vezes de procedência ancestral.

O autor traça uma resenha histórica das relações de foro mais político e administrativo entre os dois estados podendo-se concluir que, tendo em conta o facto de ao longo dos tempos os diversos poderes e sistemas instituídos nas nações ibéricas induziram ou retraíram a matriz de relações e de convergências intrínseca aos povos ibéricos, a sua argamassa sempre se manteve consistente e duradoura, mesmo em períodos de nacionalismo alegadamente exacerbado como o foram recentemente os estados corporativistas sobre autoridade de Salazar e Franco.

A entrada em 1986 dos dois estados para a União Europeia tem-se revelado decisiva na convergência ibérica que gradualmente se vem construindo. A mitigação das fronteiras e o incremento sustentado das relações e cooperação entre os organismos estatais, privados, das empresas e associações, e dos indivíduos dos dois países; augura um futuro auspicioso, mas onde Portugal deve assumir um papel mais activo e influente, invertendo uma relativa tendência de dependência lusa que se presencia sobretudo nos últimos anos.

O autor propõe que as elevadas diferenças a nível do desenvolvimento sócio-económico e do acervo de infra-estruturas e equipamentos que ambos os estados ainda possuem relativamente às nações do centro da Europa podem ser um elemento agregador dos dois países na prossecução de objectivos comuns.

O autor recorre frequentemente a locuções do mestre da Geografia portuguesa, Orlando Ribeiro, para alicerçar e ilustrar alguns das suas considerações, e invoca muitas outras personalidades ilustres como Oliveira Martins na sua “História da Civilização Ibérica” , Miguel Unamuno, Miguel Torga, José Saramago, etc.

Recordo que na apresentação a este livro é mencionado que “Com esta obra, o autor procura reconstruir, na sua unidade e diversidade, o mapa da Península e compreender, com visão de futuro, as relações históricas entre Espanha e Portugal, convidando o leitor a descobrir, tal como Miguel Torga o fez a partir da humilde aldeia perdida de São Martinha de Anta, o universo da Península, com verdadeiro espírito ibérico.”


domingo, agosto 28, 2005

Iberismos-Iberografias-Iberologias.


A editora Campo das Letras, com sede no Porto, tem sido das editoras portuguesas que mais livros tenho tido o prazer de ler desde que foi fundada em 1994. É uma editora que prima pela qualidade e diversidade das suas publicações, e onde os autores portugueses assumem relevante destaque. Numa época onde o factor comercial e a especialização prevalecem é sempre de saudar quem intenta semear novos valores e em paralelo colher os melhores e mais maduros frutos da literatura e cultura portuguesa, progressivamente encobertos pela densa ramagem daninha que se vem apoderando deste território artístico em Portugal.

Em Março de 2005 esta editora iniciou uma nova colecção intitulado “Iberografias” em cooperação com o Centro de Estudos Ibéricos (CEI), tendo em vista a edição de trabalhos e estudos realizados no âmbito deste Centro, e desde então praticamente todos os meses tem lançado um novo volume nesta série.

O CEI foi criado em Maio de 2001, partindo de um desígnio de Eduardo Lourenço, “tendo em vista a criação de um Centro de Estudos que contribuísse para um renovado conhecimento das diversas culturas da Península e para o estudo da Civilização Ibérica como um todo”. O CEI apresenta-se como uma associação transfronteiriça formada pelas Universidades de Salamanca e de Coimbra, pelo Instituto Politécnico da Guarda e pela Autarquia da Guarda. O Centro tem a sua sede estabelecida na Guarda e tem vindo a “afirmar-se como um pólo privilegiado de encontro, reflexão, estudo e divulgação de temas comuns e afins a Portugal e Espanha”. O CEI organiza um leque de actividades muito amplo: seminários, conferências, cursos, atribui bolsas de apoio investigação, institui anualmente o prémio ”Eduardo Lourenço” no valor de 5 mil euros, edita livros e outro género de publicações, organiza exposições, ciclos de cinema, visitas e excursões culturais.

Numa época onde visão que a generalidade dos portugueses assumem sobre Espanha se tem vindo a renovar de forma quase ímpar ao que se assistiu ao longo da história dos dois estados, e onde o pensamento imperante neste domínio ainda há quatro ou cinco décadas atrás, praticamente já não alcança salientes analogias com o presente, em virtude da intensa metamorfose, que se tem assistido, das mentalidades, sistemas e estruturas dominantes; assume elevada pertinência a publicação de obras neste âmbito.

O 1º número da colecção “Iberografias”, de Março de 2005, intitulado “Iberismo e Cooperação- Passado e Futuro da Península Ibérica” é da autoria de Valentin Cabero Diéguez. Noutro post discorrei algumas linhas de análise sobre este livro.

Gostava de fazer aqui um parêntesis para denotar que o termo “Iberismo” não remete necessariamente para a união formal, efectiva, dos estados actuais que a compõem. Mais do que isso representa o estreitamento e fortalecimento de relações (em múltiplas vertentes: social, económica, cultural, científica, etc.) e um intercâmbio dinâmico e contrabalançado que inerentemente acarreta benefícios aos dois estados.

O 2º volume da colecção “O Direito e Cooperação Ibérica”, de Abril de 2005, reproduz as actas do 1.º Ciclo de Conferências "O Direito e a Cooperação Ibérica”, que de decorreu de Março a Novembro de 2003, co-organizado pelo CEI, pelo Conselho Distrital de Coimbra da Ordem dos Advogados e pelo Colégio de Advogados de Salamanca,

O 3º Volume desta colecção é muito interessante. Editado em Maio de 2005, denomina-se “O Outro Lado da Lua - A Ibéria segundo Eduardo Lourenço” e inicia-se com uma longa entrevista de Maria Manuel Baptista a Eduardo Lourenço, realizada em 2004. O livro também reproduz uma dezena de textos de Eduardo Lourenço, apresentados em livros, revistas ou conferências sobretudo desde a década de 90 até à actualidade, sobre esta temática. Brevemente espero dedicar um outro post restrito a uma apreciação (elementar) sobre este livro que de momento leio.

O 4º Volume, de Junho de 2005, “Entre Margens e Fronteiras - Para uma Geografia das Ausências e das Identidades Raianas” é da autoria de Rui Jacinto. É uma compilação de textos do autor apresentados na última dezena de anos em múltiplas publicações, que se debruçam sobre a evolução e as mudanças recentes que vêm transcorrendo nas Beiras, assentando numa vertente de análise preponderantemente geográfica, entremeado das condições e factores sócio-económicas e culturais.

O 5º Volume, de Julho de 2005, “Territórios e Culturas Ibéricas”, de Julho de 2005, é uma colectânea de textos de 19 autores dos dois países, organizado por Rui Jacinto e Virgílio Bento. Na apresentação do livro é referido que: “A possibilidade proporcionada pelo INTERREG de consolidar uma Rede de Investigação Transfronteiriça, organizada em torno do Projecto de Investigação "Culturas Ibéricas, Sociedades de Fronteira: Territórios, Sociedades e Culturas em Tempos de Mudança", encontra-se na génese da publicação que agora se dá à estampa.
(...) esta publicação resulta das comunicações dos bolseiros e investigadores do CEI apresentadas por ocasião da Conferência "Territórios e Culturas Ibéricas", que teve lugar na Guarda, nos dias 2 e 3 de dezembro de 2004.

Tal como Eduardo Lourenço alude no seu livro ainda se verifica um desconhecimento mútuo elevado entre Portugal e Espanha, e sem se cair num federalismo politico (ou invés num nacionalismo extremo, xenófobo), o que urge é a estreitamento das relações entre Portugal e Espanha. A Ibéria deverá pois assumir a “independência nacional e a convergência civilizacional” tal como Fernando Pessoa defendeu.


Um novo blogue

Os membros do Rotação Difusa e mais alguns camaradas resolveram criar um novo blogue exclusivamente dedicado a futebol. Está ainda numa fase experimental e não tem nome definitivo (a lista dos membros também não está completa). Para quem quiser ver como vai o andamento das coisas basta clicar aqui.

sábado, agosto 27, 2005

BLITZ

Estou prestes a VENDER os primeiros 10 números do BLITZ. Só não sei quanto pedirei por esta relíquia. Quem dá mais?

Na rota certa...


Na Rota dos Povos é uma associação com sede no Porto cujo objectivo é “a promoção de actividades de carácter cultural e desportivo, a cooperação e diálogo intercultural, e o apoio directo e efectivo a programas e projectos de organizações congéneres nacionais ou internacionais, através de assistência humanitária, protecção dos direitos humanos, defesa do ambiente, sensibilização da opinião pública com vista ao desenvolvimento da cooperação, promoção de viagens, debates, exposições e outras actividades”. É uma associação aberta à participação de qualquer interessado.

A face mais visível desta associação têm sido as viagens anuais que se iniciaram em 1997 com Porto-Marrocos-Porto, e prosseguiram com Porto-Irão-Porto (1998); Macau-Porto (1999), Porto-Islândia-Porto (2000), Porto-Bissau (2001), Luanda-Porto (2003). Nas últimas viagens têm sido privilegiados países de expressão cultural e Língua Portuguesa e no âmbito do espírito de cooperação e apoio visado por estas excursões, na viagem a Angola foi criada uma biblioteca com alguns milhares de livros em Maquela do Zombo, no Uíge, e foi entregue um contentor de medicamentos à AMI em Huila. Já na viagem a Bissau tinham sido entregues alguns milhares de livros.

Este ano a viagem é Dili-Porto e foi iniciada no dia 18 de Julho. Três motociclistas (Tito Baião, Porfírio Silva e João Pereira) deslocaram-se de avião do Porto para Melbourne, Austrália e dali atravessaram de mota o outback australiano até ao Darwin, no norte da Austrália e tomaram o avião para Dili. Em Dili efectuou-se um dos objectivos de viagem: a entrega de 4 mil livros angariados ao longo dos últimos anos, com o objectivo de com eles ser criado uma biblioteca na capital de Timor-Leste. Depois de vários dias em Timor o grupo regressou à Austrália, iniciando o percurso de regresso até ao Porto que os levará a transitar por 23 países, atravessando a Ásia, o sub-continente Indiano, as antigas Repúblicas Soviéticas e a Europa.

O grupo publica regularmente no Jornal de Notícias as crónicas da sua viagem.


O PORCO VOLTA A VOAR

É verdade. 16 anos. Diabo, sempre é uma ópera. Não é todos os dias que um clássico da pop-rock se aventura na criação de uma ópera. E não faz por menos: Revolução Francesa, diz-lhe alguma coisa? Não! E Roger Waters?
Roger Waters, um dos fundadores dos Pink Floyd, está prestes a terminar uma ópera em 3 actos sobre a Revolução Francesa (Exacto! Essa que se passou em França!), sendo editada pela Sony-BMG a 27 de Setembro tendo sido inspirada num manuscrito do compositor francês Etienne Roda-Gil e da mulher deste.
Os mais fanáticos apreciadores de Rogers Waters e dos Pink Floyd podem ficar tranquilos. Roger Waters não canta. Uff…


100 metros 100 vezes

Kenenisia Bekele, de apenas 23 anos, voltou a bater de novo o seu recorde mundial dos 10 mil metros, fixando-o agora na extraordinária marca de 26:17.53. O recorde foi alcançado ontem no Memorial Ivo Van Damme (Bruxelas). Em média cada 100 metros são corridos em 15,77 segundos o que é mesmo muito rápido, e se atendermos que são 100 metros cem vezes seguidas. A prova dos 10 mil metros foi sempre a prova que maior interesse me suscitou, apesar da prova dos 100 metros ser mais espectacular.

O recorde dos 5 mil metros também lhe pertence com a marca de 12:40.18, o que perfaz 15,20 segundos a cada 100 metros.

Na quinta-feira corri vinte km e fiz o deplorável tempo de 1.53 h, apesar de ter tido desde o início a companhia de uma forte dor localizada, que nunca me deixou. Mas estou confiante que regressarei a melhores tempos.


Os pretensos vencedores contam a sua história! (II)

O documentário de BBC segue ao pormenor a teoria pró-americana, que expus no final do post anterior. Desde logo os propensos excertos das entrevistas com os sobreviventes, relativamente aos antecedentes a 6 de Agosto limitam-se a sustentar a posição pró-americana. Depois quer-se crer que Hiroshima era uma cidade ocupada na sua maioria pelo exército nipónico, quando depois se verificou que o número de baixas civis excedeu em vasta maioria o de soldados.

O documentário derriba num frequente paradoxo que é o da decisão final de deflagração da bomba. A visão americanizada de que os Estados Unidos endividaram o máximos de esforços para não lançarem a bomba atómica, através de sucessivos propostas e ultimatos a uma última rendição do Japão, e que só o fizeram para evitar a (falaciosa) morticínia invasão terrestre ; é contradita no próprio documentário ao referir que cidades como Hiroshima, Nagasaki, Kokura ou Niigata tinham sido poupadas ao longo da guerra para se poderem estudar com a maior precisão possível os resultados da utilização da bomba atómica. Na minha concepção, os EUA sabendo que a mais que a debilitada força nipónica muito em breve sucumbiria completamente e como tal aceitariam a capitulação incondicional (salvaguardando contudo o sistema imperial) e que a União Soviética já invadira a segunda maior ilha do arquipélago japonês, Hokkaido ; verificaram, mais que nunca, a necessidade de (a qualquer custo) utilizar a bomba. Decisão que aliás já tinha sido tomada em Setembro de 1944 (sem se precisar hipotéticos lugares, mas com maior plausibilidade na Alemanha), se bem que só por si a primaz coerência do projecto Manhattan assentava no emprego de um engenho explosivo desta magnitude num cenário real.

Ainda o pioneiro teste de Los Alamos não tinha sido realizado e o Little Boy já estava a ser embarcado para seguir para o arquipélago das Marianas. A bomba foi usada como exibição da força e poderio americano ao mundo e sobretudo aos soviéticos e cada vez mais se afigura pouco plausível que o seu primordial objectivo fosse ser dirigida contra a exaurida força japonesa no intuito da sua rendição.

Intencionalmente é dado grande destaque no documentário à operação técnica de preparação, transporte e detonação de bomba, apresentando-se a equipa comandada pelo coronel Paul Tibbets, um aviador que continua a exibir um profundo orgulho de ter comandado esta histórica e capital operação, e sentindo que entre outros, os japoneses deviam-lhe estar imensamente reconhecidos (por os ter salvado) e nem um pouco ressentidos. O sr. Tibbets dirige-se a um povo cujo cerne primacial assenta no respeito e estima mútua e como tal escusa-se lá no alto sua tribuna de retribuir de igual forma. Se por acaso a cidade em causa fosse chinesa ou coreana certamente coibiria-se de tais asserções tão sumárias. Já o major Charles Sweeney, comandante do The Great Artist, no caso de Nagasaki, adoptou ao longo da sua vida uma posição mais reservada, não exteriorizando muito as suas convicções neste aspecto, porventura em respeito com as vítimas.

As atitudes e os juízos do Povo americano e de uma grande maioria dos seus soldados relativamente a esta problemática são eventualmente justificadas à luz do clima de uma guerra muito dura e duradoura, de muitos actos intoleráveis praticados pelos japoneses e da (artificiosa) propaganda massiva que a administração norte-americana realizou ao longo da guerra.

No entanto, a utilização pelo governo norte-americano de seres humanos como cobaias em experiências atómicas será sempre irremissível, e porventura nunca terão desígnio e coragem de reconhecer o que se afigura cada vez mais óbvio aos olhos de tudo e todos. E a que a BBC também fechou os olhos!

O DVD para além do documentário (89 minutos), possui ainda três pequenos extras: “Hiroshima”, onde o director Paul Wilmshurst expõe e explica sucintamente o método e lógica da estruturação do filme, bem como as ideias-chave intrínsecas ; “Conto de Duas Cidades” é um documentário produzido em 1946 pela Forças Armadas dos EUA sobre a explosão da bombas atómicas em Hiroshima e Nagasaki e as suas consequências ao longo dos meses seguintes ;“Relato das Tripulações” como alude é a descrição por membros do Enola Gay e do The Great Artist sobre as suas missões.


Os pretensos vencedores contam a sua história! (I)

O documentário Hiroshima, que foi lançado recentemente pela BBC, afigura-se-me desde logo deveras básico e normalizado segundo os cânones vigentes nos manuais pró-americanos. Tal revela-se ainda mais repreensível se tivermos em conta o prestígio desta poderosa estação britânica que o produz.

No documentário realiza-se a narração dos acontecimentos ao longo das três semanas que vão desde a experiência de Los Alamos ao eclodir da bomba em Hiroshima e os dias subsequentes. A análise dos acontecimentos é em muitos casos deveras superficial, parcial, roçagando por vezes a desconsideração pelos valores humanos. A problemática de Hiroshima sobre a realidade dos acontecimentos que a envolvem sempre se revelou em múltiplos aspectos pouco consensual entre os historiadores, jornalistas, políticos ou militares (justificado em parte por todo o secretismo que rodeou a preparação, a ocorrência e as consequências deste trágico acontecimento), o que se reflecte na profusão de publicações (livros, artigos de revistas, jornais, internet etc.) sobre este assunto, por vezes com posições e teorias muito díspares sobre determinados factos e sucedidos. Como tal um estudo ou exposição desta problemática deve ter sempre em conta o máximo exequível de posições defendidas e não se restringir à mais conveniente a dado indivíduo, organização ou nação.

No caso deste documentário da BBC ele é baseado nas teorias mais simples e mais arcaicas, numa visão fortemente americanizada dos acontecimentos. O enredo do documentário remete para as teorias imperantes até à década de 70 (instituídas pelo monopólio de autores anglo-saxónicos a essa data). Não é meu propósito aqui aprofundar a discussão sobre a problemática de Hiroshima, pois é deveras extensa e complexa, mas cingir-me o mais possível a uma (breve) análise do documentário.

No entanto recordo agora de modo sintético no que consiste esse teoria pró-americana desta problemática. Os americanos furtaram-se o mais possível a entrar na II Guerra Mundial, olvidando as loucuras que Hitler realizava na Europa (e não só). O ataque a Pearl Harbour em Dezembro de 1941 forçou essa entrada e criou desde logo um enorme ódio do povo americano aos japoneses (suplantando o ódio aos alemães), dilatando-se ainda mais ao longo da guerra pelos actos praticado pelos nipónicos. Em Julho de 1945 os alemães capitulavam. Do outro lado do mundo, o Japão cujo país se encontrava ainda mais destruído que a Alemanha teimava em resistir. A solução de massivos bombardeamentos aéreos não conduzia à rendição (incondicional) e seria necessário uma invasão terrestre. Os americanos previam pelo menos meio milhão de baixas yankees e muito mais do lado japonês, pois reiteravam que apesar de tudo o Japão ainda conservava um considerável poder de destruição. Neste contexto poderá ser divisado que a eclosão da Bomba atómica foi motivo de grande regozijo e comemoração para o povo americano com destaque para os contingentes de tropas americanas. Os americanos passaram a ver-se a si próprios como os salvadores dos japoneses, e quem estes devem uma gratidão imensurável por os terem livrado do hipotético aniquilamento global. Ainda mais pelo facto da propaganda americana caracterizar os nipónicos como um povo que na sua totalidade era alienado, kamikaze e que lutaria na guerra até ao último homem/mulher (sustentando os americanos a sua teoria no caso de Okinawa, que considero não ser correcto a sua extrapolação).


quarta-feira, agosto 24, 2005

é preciso ter sorte!


Iº Caso :
Anteontem, 22 de Agosto, fui à sede do JN para colocar lá uma carrilhada de cupões para um concurso. Aproveitei para comprar na loja do JN o dvd Fausto 5.0 – La Fura dels Baus, que me esquecera de comprar na altura que saiu. Em casa retirei o plástico, abri o dvd e não é que lá dentro não estava o dvd do filme, mas um CD pirata dos Rolling Stones, da Forty Licks tour. Até a capa era uma (boa) fotocópia. Vou estar mais atento às capas e ao selo doravante.
Passei hoje de novo no JN e eles trocaram-me por um original. Um funcionário de lá, pelo menos disse-me que ia tratar do problema, e falar com a empresa que sub-contratam para a feitura dos dvd´s. Deixem-me crer que faça isso!
Isto até parece ter mão de Mefistófeles!

IIº Caso:
Após 5 anitos com o cartão da FNAC, entendi não renová-lo de novo. As vantagens do cartão são o mínimo do mínimo que a FNAC pode oferecer e quem acaba por tirar mais lucro do cartão é a própria FNAC. Para não dizer que na FNAC só compro cd´s, dvd´s e livros de autores portugueses, pois relativamente aos estrangeiros é muito mais rentável na net. Isto de ter monópolios é o que dá!
Então em finais de Julho cancelei a renovação, na própria FNAC no Norteshopping, com tudo assinado preto no branco. Há poucos dias reparei que me tinham retirado da conta à ordem o débito da renovação. Tive que ir lá reclamar, e eles disseram que tinha sido um erro. O costume! Agora estou à espera que eles me devolvem o granel.


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