segunda-feira, julho 25, 2005
Os despojos da semana.
Com o exponencial aumento da informação (e da pseudo-informação), das fontes e dos órgãos e meios que a veiculam, amplifica-se a utilização abusiva de informação que a nível da ética profissional impõe que se citem as fontes. A cada vez mais profusa imaginação na arte do abuso se fosse colocada ao serviço do trabalho efectivo e não do aparente deleite de surripiar os textos originais, certamente produziria notáveis artigos.
No caso do jornalismo recorre-se aos mais variados subterfúgios para branquear o artigo: ausculta-se de novo a(s) fonte(s) da peça inicial, asculta-se novas fontes, muda-se ligeiramente a perspectiva, faz-se corte e costura: compõe-se notícia numa outra sequência, trunca-se a notícia, adiciona-se mais qualquer coisinha, e já está: um original clone! E muitas vezes é só copy-past, ipsis verbis! Será a direcção do órgão de informação, os outros colegas (jornalistas ou não), ou então os leitores a ajuizar sobre tal conduta em cada caso. Ou então também pode e deve ser (em caso de existência) o Provedor. Em Portugal apenas em 1997 chegou às redacções dos jornais lusos (DN e Público) o ombudsman. Ao JN só em 2004 foi admitida a figura do Provedor, escolhido então o Prof. Manuel Pinto. Obviamente as funções do Provedor são inúmeras e algumas bem complexas e não se restringem à fiscalização das citações.
Ao fim de mais de um ano o habilitado Provedor do JN (que tal como eu também tem como um dos seus hobbies o de coleccionar postais ilustrados) debruçou-se, este Domingo, sobre a problemática das citações. Isto devido a um artigo original publicado no “O Comércio de Guimarães” que tudo indica foi reproduzido com ligeiros retoques no JN dias depois, sem citar as fontes da peça original. O jornalista do JN que assinou a notícia isentou-se das responsabilidades remetendo-as à Direcção, e por sua vez esta engendrou umas desculpas esfarrapadas, que na sua globalidade o Provedor não engoliu. E cito o Provedor “Tanto quanto sabe o Provedor, tratou-se de uma decisão editorial assumida, feita na base de um pressuposto criticável: o de que o facto de o jornal acrescentar algum aspecto novo ou mesmo abordar a história de uma outra perspectiva o iliba de um dever ético de atribuir os créditos e autoria a quem de direito” E é melhor nem falar da composição da fotografia que ilustra a dita notícia copiada, que demonstra a (falta de) consideração que frequentemente o JN demonstra pelos seus leitores e pelos colegas jornalistas.
O mais grave é que esta epidemia plágica continua a disseminar-se a um ritmo vertiginoso em todos os órgãos e meios de comunicação e informação.
Site do Clube de Jornalistas
E o Jn já tinha tido provedor do leitor enteriormente, mas deixou de ter temporariamente.
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