terça-feira, julho 19, 2005
minimalismos...
Li com apreço e gosto o último ´post´ do Mário Azevedo neste blogue mas considero surrealista (e com respeito aos milhões de pessoas que sofreram e pereceram com ele), e mesmo pretensiosismo, a humanidade declarar que já passou por regimes que se possam outorgar de comunistas. Sim, esta humanidade, que se reduzirmos o tempo universal a 24 horas surgiu apenas há 3 segundos, que inventou algo rudimentar e básico como agricultura apenas há menos de 10 mil anos, e onde ainda há poucos séculos os países mais “evoluídos”, os ocidentais, possuíam escravatura humana, sem falar que o século xx foi o mais belicista de sempre e assim continua ; que na realidade o homem ainda nem sabe dizer “tá-tá”, que talvez não alcance capacidade para escapar efectivamente, repito efectivamente, deste sistema solar antes que o Sol se consuma, e que se deslumbra com o brilho que dele irradia, talvez ainda pensando que é ele e todo o primitivo e ignoto universo que gira à sua volta.
Estamos no limiar dos primórdios da exploração de modelos sócio-políticos como o comunismo, o neo-liberalismo, o socialismo, o capitalismo. Se existem desde o século passado práticas políticas em alguns países que se auto-cognominaram de comunismo, uma análise breve permite discernir que das ínfimas conexões que tiveram com o comunismo a mais relevante será a usurpação pérfida que fizeram do seu nome. Declarar que se implantou o comunismo em populações onde só uma minoria entendia de que se trataria na verdade o comunismo, onde as estruturas (o politburo soviético e outras) que coordenariam a nível nacional as outras múltiplas estruturas de âmbito mais local e regional, não coordenaram nada e limitaram-se a instituir regimes autocráticos e baseados na repressão ; onde a distribuição dos meios materiais revela-se profundamente injusto em não conformidade às necessidades, em paralelo às capacidades do cidadão de as exponenciar, para benefício mais do que seu, da riqueza maior que o homem possui, que é própria comunidade, espécie humana ; onde o acesso aos meios culturais e do intelecto era limitada sempre aos mesmos, onde o culto das fácies tiranas sobrepunha-se a milhões de ignotos rostos que serviram argamassa para a base destas empedernidas estátuas se perpetuaram no poder ; repito, declarar que se implantou o comunismo neste moldes é surrealista, ou então é realizar mera propaganda, de juízo primário, demagógico, por suposta conveniência sua.
Como referi os modelos sócio-políticos como o comunismo, o neo-liberalismo, o socialismo, o capitalismo e todos os outros estão ainda no berço. As experiências até hoje efectuadas destes sistemas pelo Homem foram muito ineficazes, elementares e truncadas a todos os níveis (apesar da destruição que muitas vezes semearam) e no futuro este teorias/sistemas politicas irão ser alvo de novas experiências infindamente. Nem mesmo os regimes de extrema-direita do último século o representaram condignamente. No futuro criar-se-ão outras milhões de teorias e sistemas políticos, tal como hoje pululam as seitas religiosas ou os movimentos artísticos: comunismo antropológico, liberalismo cibernético, capitalismo intelectivo, … e tal como na contemporânea moda a fusão de estilos, que todo o zé-povinho pode arriscar, também se estenderá marcadamente à fusão de teorias/sistemas políticos.
A Alemanha de Leste passou no último século por os mais diversos regimes e sistemas políticos: monarquia, republicanismo, fascismo, ditadura, democracia e os supostos comunismos, socialismo e sempre foi mais desenvolvida em praticamente todos os níveis que Portugal. Por vezes parece que interessa mais as pessoas que os sistemas!
O homem não sobreviverá sem a sua espécie, nem se poderá substituir a Ela, aniquilando a sua maior riqueza. Conceitos como competição humana desactualizaram-se céleramente e hoje são falaciosos, quimeras mundanas, meros elementos corpóreos, sem a verdadeira alma Humana.