sexta-feira, maio 13, 2005
Monopólios ou Carteis Linguístico-Culturais!? (IV)
O verdadeiro cerne da questão (na minha óptica)!
Têm certamente ressoado nos últimos anos, na cabeça dos franceses (e gradativamente com maior intensidade), a questão da recuperação da informação na www. Porque é que ao fazerem uma pesquisa no motor de pesquisa referencial (monopolista) : o Google.com, de um autor francês (ex. Victor Hugo) a esmagadora maioria dos resultados serem de URL´s americanos? Praticamente nem uma só miragem de uma pena gaulesa!
E aqui na minha óptica reside o verdadeiro cerne da questão. Mais do que criar uma grande biblioteca digital europeia, o principal objectivo dos parceiros europeus é desenvolver um hercúleo motor de busca europeu que possa rivalizar efectivamente com o Google (e o Yahoo também, já agora). Um motor que direccione o pesquisador para conteúdos maioritariamente europeus e disponíveis em diversas Línguas, perspectivados sobre prismas relativos a diferentes culturas, espelhando o paradigma universalista, como alguns devem pensar (despretensiosamente), subjacente aos ideais que Tim Berners-Lee e seus congéneres pioneiros idealizaram da evolução da internet e da www.
Os países europeus, nomeadamente a França, pretendem encontrar uma grandiosa montra para expor as suas chef-d'œuvres, um grand salon multicultural e eclético onde possam mostrar aos “arrogantes” dos americanos que a sua cultura milenar continua a assumir uma presença essencial e de grande importância no mundo.
Os Franceses cujo idioma se contabiliza na lista da Wikipédia como a 14ª Língua mais falada do Mundo, têm certamente prestado mais atenção a estas problemáticas fundamentais da difusão e uso da Língua na Internet que os povos Ibéricos, que vão navegando ao sabor da corrente nos oceanos do Uncle Sam Gates. A Língua Portuguesa é na actualidade a 6ª mais falada no Mundo (após em 2002 ter ultrapassado o Russo), e próxima do 4º (Bengali) e 5º (Hindi) lugar, e o Espanhol apenas é superado pelo Mandarim e o Inglês. Na verdade o Português e Espanhol, juntos, continuam a contabilizar mais falantes (mesmo incluindo países com falantes destas Línguas não oficiais) do que o Inglês (analogia com o facto de Portugal e Espanha associados serem a maior potência turística do Mundo).
Estes últimos desenvolvimentos no sentido de ser criar uma Biblioteca Digital Europeia foram de certo modo desconsiderados e até desvalorizados em muito dos países ocidentais. Nos Estados Unidos, quase nem roçagou os poderosos meios de comunicação e informação. A constatação foi maior na costa do Pacífico, sobretudo na Califórnia-Los Angeles (sede da Google e da Silicom Valley) e Seattle (sede primaz da Microsoft), bastiões das empresas e serviços de ponta nas áreas tecnológicas e de informação, e como tal mais sensíveis a estes conteúdos. E já agora, onde coabitam os melhores bloggers que digitalizam sobre Bibliotecas (na sociedade da informação).
Em Portugal a nível da imprensa (papel), do que eu apreendi, apenas o Público tem vindo a fazer referências. Já na net, a sensibilidade é maior com destaque para a Ciberia e o TEKsapo.
Fugazes questiúnculas…
-Até onde o Inglês expandirá o seu domínio linguístico? Haverá efectivo espaço para outras Línguas?
-As Línguas de menor expressão tenderão mesmo a ingressar num estado latente?
-Evoluirá um dia o Google para uma organização ainda mais poderosa que o big brother orwelliano?
-Conseguirá a Europa encurtar a distância que a separa, nestes domínios, dos Estados Unidos?
end.