terça-feira, março 29, 2005

Que força é essa?

«Que força é essa?, que força é essa?», cantava Sérgio Godinho todas as manhãs, num velhinho gravador que eu punha a tocar mal acordava, enquanto me deixava ficar na indolência dos lençóis, a esticar os horários muito para além dos limites. Naqueles momentos, tirar a roupa da cama e levantar-me pareciam-me tarefas dignas de heroísmo. Ficava para aí meia hora encolhido nos lençóis a saborear os últimos segundos de repouso, fazendo cálculos ao tempo que faltava para chegar ao trabalho. Dez minutos para tomar banho, cinco para me vestir, cinco para o que restasse, dez para a corrida ligeira em direcção à paragem da camioneta que me levaria para o emprego, o meu primeiro emprego.
Desde que as contingências da idade me obrigaram a buscar a tão celebrada auto-sustentabilidade que me apercebi do ódio que tenho pelo trabalho. Nunca lhe perdoei as suas exigências de monopolização do tempo.
Lembrei-me de falar agora disso porque ando numa daquelas fases em que o trabalho não nos permite folga para mais nada.


Comments:
Vida dura!
Lembro-me mt bem quando estavamos a morar em Braga..e tinhas que sair pro trabalho....tssssss
O grande (um dos mts) defeito nas pessoas é não se adaptar à realidade. Se temos que cumprir horários, acordar cedo, fazer as tarefas diárias antes de sairmos de casa, cumprir as horas no local, voltar com a mesma pressa para casa para voltar a refazer tarefas diárias...e que tal o TELETRABALHO?
Estamos na Sociedade da Informação. E as TIc's para que servem? :P
Temos que nos adaptar à sociedade actual. há que jogar com os dados que temos. sao mts horas em viagem para o trabalho, mt stress, mt $$$$ mal gasto....Fiquemos em casa a trabalhar. mt do que se faz actualmentes em mts locais de trabalho podia-se fazer em casa. Com menos gastos para a empresa e para os trabalhadores. É SÓ uma questão de mudança de hábitos!

(Que saudades tenho de ouvir Sérgio Godinho).

:P

fp 30/3
 
Concordo absolutamente contigo, Mário. O trabalho monopoliza e faz-nos gerir o nosso tempo de forma avassaladora. Julgo, contudo, que nos cabe encontrar mecanismos de "fuga", quer estes tenham aplicação em termos de outro tipo de realizações para além de, quer em particular de carácter mental. É aqui que muito se passa e é aqui que pudemos encontrar aquela saudezinha mental para além da rotina que nos invade.

Beijinho,

Sandra
(http://www.void.weblog.com.pt)
 




 
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