quarta-feira, dezembro 29, 2004

Deus e os ateus - II

A tragédia no Índico não vem demonstrar a inexistência de Deus, mas (se tal fosse necessário) a fragilidade do Homem, o absurdo do antropocentrismo, da ideia - tão cara ao Humanismo Renascentista - de que o Homem é a medida de todas as coisas. Há muito mais mundo para além daquele que podemos ver; há muito mais explicações para além das que a Razão alcança.

Comments:
a tragédia no índico faz parte da limpeza generalizada à qual o planeta terra tem vindo a ser submetido há já algum tempo. vidas ceifadas levadas e lavadas de uma existência infrutífera. como se desta limpeza apenas vierem a restar os melhores. e fica a dúvida, estaremos nós também sujeitos a integrar esta leva?
 
As teorias apocalípticas já existem há milhares de anos. Elas são recorrentes, basta que surja uma grande tragédia para se começar logo a falar do fim do mundo. O que é estranho é que ele nunca aconteça mas as pessoas continuem a acreditar.
 
o exagero da expressão 'teorias apocalípticas' remete para a ideia generalizada de fim do mundo. que de facto nunca aconteceu de forma imediata e radical. contudo é legítimo que nos passe pela cabeça que os fenómenos associados ao estado de convulsão do planeta que habitamos, como o maremoto do índico, e muitos outros mais, façam parte de um processo de limpeza e evolução da terra, lento e gradual e não instantâneo. e nesses momentos, de facto, uns são naturalmente eleitos para ficar e outros para partir. decorrente disto, a questão que se coloca é pessoal, se um dia nos virmos nessa situação emergente de ver a vida interrompida desta forma, mesmo que se acredite que haja a possibilidade de voltar com outras existências, tudo se reduz ao mínimo que podemos ser. como se a personalidade fosse efémera, e nós, simplesmente e apenas, fizessemos parte do todo. entre este estado máximo de redução de cada um de nós e o acontecimento do fenómeno destruidor em si, coloca-se o desejo de evolução da alma que nos faz querer saber se seríamos eleitos, ou antes, protegidos, destas tempestades. e ao mesmo tempo vontade de querer fazer parte dos melhores. o que também é motor de evolução. daí, a ideia de fazer parte da ´arca de noé' ser tão apelativa e renascer sempre que somos confrontados com estes fenómenos.

depois de um texto tão longo e de ter constatado alguma afinidade com o tipo de discurso presente no rotação difusa, achei melhor quebrar o anonimato, e referenciar o www.poesispublica.blogspot.com. onde, se suscitar curiosidade, poderá deixar ficar o seu comentário.

beatriz seabra
 
Não concordo com a ideia dos eleitos, mas fez-me pensar. Gosto da discussão e por isso é muito bem-vinda. Vou então visitar o seu blogue e quando tiver uma opinião colocar o meu comentário.
 
coloca-se a hipótese que há uns 60 milhões anos (axo..?)um asteroide (ou cometa) tenha chocado com a Terra (junto da pensinsula de Yucatan) e aniquilado os dinossauros, abrindo way à evolução humana. sorte pra nós e azar pra eles. só que tb se coloca, e com relevância, a hipótese científica que os dinossauros tenham surgido justamente pela colisão de outro asteroide contra a Terra milhões de anos antes. Sorte deles e azar dos prévios. Relativity theory...
Catástrofes não faltam nem faltarão para sempre (pelo menos, aqui na Terra, continuarão no decorrer na 2ª 1/2 de vida do Sol que já começou) e por toda a crusta terrestre. trazem prejuízos e benefícios, como tudo!!actualmente serão + mortíferas, pois caminham (habitam) na Terra +- 10% de todos os humanos que até hoje viveram, e por outro lado verifica-se uma > concentração populacional humana, e sobretudo no litoral e certas regiões do planeta. os tsunamis ocorreram numa zona crítica (anel de fogo) onde a densidade populacional é muito, muito elevada, e onde o planeamento territorial é mega deficitário e logo qualquer sitio serve para habitat (barracal) humano, com preferência para leitos de cheia de rios, encostas de vulcão em hibernação,... onde as terras são mais férteis...
 
e para além hipotético asteróide a evolução dos primatas só se processou com o benefício de 1a outra big catástrofe : o choque do ´continente´ da India com a Ásia, originando os Himalaias e o Karakorum. Por sua vez este novo modelado geográfico impedia a deslocação de massas de ar húmidas para o Norte de África e daí a sua progressiva secura, induzindo os simios a descerem das árvores secas e definhadas e a procurar alimento no solo, com as novas adaptações consequentes. E sem falar das glaciações...
 
Mas também não vem demonstrar a sua existência...
 
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