domingo, novembro 14, 2004
Arafat
Podem apontar-se muitos defeitos a Arafat, o que não se pode negar é que dedicou a sua vida por uma causa justa: a libertação do povo palestiniano (ou palestino, como muitos defendem). Se é certo que muitas vezes utilizou métodos errados, é incorrecto dizer-se, como o têm feito muitos analistas e bloguistas, que nunca soube fazer a paz. É preciso recordar que foram os israelitas, e não Arafat, que puseram em causa os acordos que mais perto estiveram de obter sucesso, assinados em 1993, e que deram o Prémio Nobel a Arafat, Rabin e Shimon Peres. Foram os israelitas que, depois do assassinato de Rabin por um extremista judeu, resolveram pôr em causa todo o processo de paz, elegendo Benjamin Netanyahu para primeiro-ministro, um opositor dos Acordos de Oslo que imediatamente tratou de inviabilizar os compromissos assumidos. E é preciso recordar o que disse Ariel Sharon, o actual primeiro-ministro, em relação a estes acordos: «a maior desgraça que se abateu sobre Israel».
Os detractores de Arafat gostam de referir Camp David, mas esquecem-se que Arafat aceitou nestas negociações compromissos que nenhum líder árabe até então admitira: aceitou a anexação de territórios da Cisjordânia para acomodar colonatos, ilegais pela lei internacional; aceitou a soberania israelita sobre bairros judaicos de Jerusalém Leste (que não faziam parte de Israel antes da guerra de 1967). O que Arafat não aceitou foi a solução vaga dada por Barak ao direito de retorno dos refugiados palestinianos.
Mas não há duvida de que o fracasso de Camp David foi realmente muito nefasto para Arafat, pois permitiu de certa forma a chegada ao poder de Ariel Sharon. A partir de então tudo se desmoronou. Sharon, que foi responsável por um massacre de dezenas de milhares de palestinianos que ocorreu no Líbano nos anos 80; que despoletou a segunda Intifada quando, num acto de provocação, visitou o Monte do Templo, em Jerusalém Leste; que desde que chegou ao poder não fez outra coisa senão bombardeamentos e destruições; que confinou Arafat ao seu quartel-general em Ramallah e desmantelou as estruturas da Autoridade Palestiniana, enfraquecendo-a perante os grupos mais radicais dos palestinianos, conseguiu convencer o governo de Bush a excluir Arafat das negociações, votando-o ao ostracismo.
Este, que foi durante muitos anos o representante dos movimentos mais moderados dos palestinianos, acabou assim por morrer no momento em que a sua posição se encontrava mais enfraquecida, refém da política agressiva de Sharon.
Os próximos anos dirão se ele era ou não o principal entrave à paz. Pelo menos agora os israelitas e os americanos deixaram de ter um alibi para impedir a formação de uma Estado Palestiniano.
Os detractores de Arafat gostam de referir Camp David, mas esquecem-se que Arafat aceitou nestas negociações compromissos que nenhum líder árabe até então admitira: aceitou a anexação de territórios da Cisjordânia para acomodar colonatos, ilegais pela lei internacional; aceitou a soberania israelita sobre bairros judaicos de Jerusalém Leste (que não faziam parte de Israel antes da guerra de 1967). O que Arafat não aceitou foi a solução vaga dada por Barak ao direito de retorno dos refugiados palestinianos.
Mas não há duvida de que o fracasso de Camp David foi realmente muito nefasto para Arafat, pois permitiu de certa forma a chegada ao poder de Ariel Sharon. A partir de então tudo se desmoronou. Sharon, que foi responsável por um massacre de dezenas de milhares de palestinianos que ocorreu no Líbano nos anos 80; que despoletou a segunda Intifada quando, num acto de provocação, visitou o Monte do Templo, em Jerusalém Leste; que desde que chegou ao poder não fez outra coisa senão bombardeamentos e destruições; que confinou Arafat ao seu quartel-general em Ramallah e desmantelou as estruturas da Autoridade Palestiniana, enfraquecendo-a perante os grupos mais radicais dos palestinianos, conseguiu convencer o governo de Bush a excluir Arafat das negociações, votando-o ao ostracismo.
Este, que foi durante muitos anos o representante dos movimentos mais moderados dos palestinianos, acabou assim por morrer no momento em que a sua posição se encontrava mais enfraquecida, refém da política agressiva de Sharon.
Os próximos anos dirão se ele era ou não o principal entrave à paz. Pelo menos agora os israelitas e os americanos deixaram de ter um alibi para impedir a formação de uma Estado Palestiniano.
Comments:
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É um comentário um tanto ou quando faccioso. Mas aceitasse. Se cada individuo começar uma "guerra" pelos seus ideais..e por mt correctos que estejam...o mundo fica (ainda) mais perdido do que já está. E culpabilizar o fracasso de um SÓ lado..hummmm BEm haja os BLOGS
Aceito que possa ser faccioso, já que tenho simpatia pela causa palestiniana. Mas sobretudo o que queria era mostrar que o Arafat soube em alguns momentos fazer a paz, ao contrário do que afirmam muitos analistas.
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