Rotação Difusa

Tinha prometido a mim mesmo só falar de futebol no Rotação Difusa se acontecesse algo de verdadeiramente extraordinário. Ora, depois da conquista do título, não há meio de evitar de falar sobre o assunto. Deixei um dia de intervalo, para evitar dizer muitas besteiras.

Esta vitória foi sobretudo, mas sobretudo mesmo, um grande alívio. Onze anos sem ganhar o título é dose. Chegámos a um ponto tal em que o que interessava era ganhar, de qualquer jeito, com bolas a bater na nuca, de costas, de traseiro, aos empurrões, aos tropeções, tudo a eito. A partir de agora vamos ter muitas hipóteses de ganhar títulos de outro modo. O que importava era quebrar o enguiço.

Tendo em conta a situação em que se encontrava o Benfica penso que o título foi inteiramente merecido. Os jogadores encarnados tiveram de suportar uma pressão incomparavelmente superior aos outros jogadores. Numa outra situação teríamos ganho o título com outra folga.

O Benfica não tem o melhor nem o mais rico plantel do campeonato. Nesse aspecto, o Porto e o Sporting estão muito melhor apetrechados. Pelo contrário, julgo que tem a melhor equipa base, pelos jogadores, mas sobretudo em termos de organização. O problema é a falta de alternativas, falhando um dos titulares a equipa ficava coxa. Num ano em que o Benfica foi assolado de lesões, e em que os três dos melhores jogadores passaram o campeonato quase todo com problemas físicos (Miguel, Nuno Gomes e também Simão, que jogou toda a segunda volta com limitações que o vão levar à faca depois da Taça) esta falta de alternativas foi quase fatal.

A aposta na continuidade foi claramente ganha. Mais uma razão por isso para me sentir contente. Quem me conhece sabe que há muito que considero que é preferível ter uma equipa mais pobre do que assistir àquele vaivém de jogadores e técnicos que aconteceu nos anos 90. Os adeptos nos últimos dois anos bem suspiravam por reforços, sem perceber que sem dinheiro, muito dinheiro, é impossível construir uma equipa num só ano. Mais vale por isso estabilizar o plantel, potenciar a qualidade da equipa, fomentar nos jogadores identidade clubística (como existe nos jogadores mais antigos do FCP) apostar nos recursos das camadas jovens.
Era este o caminho, e foi isto que se fez. O título haveria de surgir mais cedo ou mais tarde.

Agora, fim de tretas. Bibó o Benfica. A festa que se prolongue até Domingo, com a dobradinha.

# mensagem colocada por Mário Azevedo : 12:11