sexta-feira, dezembro 31, 2004

Portugal colonial

A revista espanhola “La Aventura de la Historia” do último Novembro traz, a propósito dos 120 anos do início da Conferência de Berlim - que estabeleceu as regras da colonização africana -, um dossier dedicado a África. Um dos artigos do dossier, escrito por Donato Ndongo, jornalista e autor do livro História e Tragédia de Guiné Equatorial, fala dos diferentes modelos de colonização das potências europeias. Achei que o texto tinha a sua curiosidade sobretudo porque fala, de uma forma breve é certo, de Portugal.
O autor considera que houve dois modelos de colonização:
- o britânico, que se baseava num “desenvolvimento separado”, «de cuja prática nasceram os regimes racistas da África do Sul e da Rodésia», em que os «europeus dirigiam todos os aspectos da vida económica, política e social, enquanto os africanos estava destinados a ser apenas mão-de-obra»;
- e o francês, que procurava levar os africanos a assimilar «os valores culturais, políticos, económicos e sociais da metrópole», pretendendo sobretudo colonizar «as mentes dos africanos, para lograr uma unidade política e cultural com a França metropolitana.»
Portugal seguiu o último modelo, mas acentuou-o. «A particularidade do Império português consistiu em fomentar nos seus territórios uma verdadeira mestiçagem racial, que, aliás, o levou a abolir todos os nomes africanos e a substituí-los por nomes portugueses.»
Nada de novo, como se pode verificar, o que é curioso é que o autor confirma as opiniões do senso comum de que Portugal foi o menos segregacionista dos países colonizadores. Eu sempre achei que estas ideias tinham mais que ver com o nosso patriotismo bacoco. Seja como for, isto não nos faz melhor que os outros, mas apenas mais porreiraços.


Comments:
boas entradas... :)
 
Darei sempre o aval da dúvida de uma consciente opção portuguesa! mas mesmo, se pelo contrário quisesse-mos enveredar pelo modelo inglês, tal seria praticamente inexequível, pois faltava-nos a força, os meios e o potencial humano (sobretudo em quantidade ..eehehehe ). É mais fácil ser-se o bonzinho da fita quando se é menos forte ( aliás este facto repercute-se em múltiplos momentos da nossa história). Mas tb quando tivemos as costas mais aquecidas soubemos fazer peito forte!!
 
Sinceramente, não acho que tenha sido só por falta de meios que optámos pelo este modelo colonial. Julgo que os povos latinos foram menos arrogantes nessa concepção de superioridade racial europeia. Não acredito que alguma pudéssemos criar uma sociedade como a da África do Sul do apartheid, com uma separação tão demarcada entre brancos e negros.
 
Enviar um comentário

<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?