quarta-feira, janeiro 12, 2005

As alternativas - 2

No dia 22 de Dezembro escrevi, num post intitulado As Alternativas, que em Portugal quem for de esquerda e não estiver satisfeito com o PS não tem nenhuma alternativa, ao não ser que queira votar em partidos extremados. Nesta segunda-feira Paulo Gorjão, num post do Bloguítica (que só hoje é que pude ler), comenta uma entrevista de João Teixeira Lopes ao Capital, mostrando bem qual é a posição do BE e por que razão este partido não é opção. De facto, os bloquistas não têm interesse nenhum em chegar ao poder, sabem que se tal acontecesse perderiam parte do seu eleitorado, e estão dispostos a obrigar os socialistas a governar sozinhos, recusando-se a integrar um futuro governo. Isto porque, ao contrário do que aconteceu com PP, o BE (tal como o PCP) não está disposto a ceder um milímetro que seja nas suas posições.
É um problema que a esquerda terá de resolver se quiser chegar ao poder. De certeza que a campanha da direita vai jogar tudo nisso, no facto de só ser possível criar um executivo estável com os dois partidos da actual coligação governamental. Sabendo-se das dificuldades por que passaram os executivos de Guterres, e tendo-se a noção de que dificilmente o PS chegará à maioria, um discurso alarmista do género «se o PS ganhar entraremos novamente no pântano» poderá ser eficaz. Compreensivelmente. De facto, qual será melhor, um governo estável de direita, ou um novo governo minoritário de esquerda? Eu, que sou socialista, não tenho dúvidas, mas uma parte considerável do eleitorado poderá ter e votar à direita.

Comments:
Este argumento é correcto, mas só se considerares que o PS é um partido de esquerda.
Quanto a esta história da estabilidade, quem me dera que a maioria de Durão Barroso tivesse sido instável e caído ao final de seis meses. Já não teria escrito o post anterior.
 
Se quisermos outro exemplo, o primeiro governo de Guterres era minoritário, e foi o menos mau que conheci. No segundo, ficou a um deputado da maioria absoluta, e foi o descalabro. A estabilidade não é um valor positivo por si só, depende das circunstâncias em que é exercida. Maioria absoluta com Sócrates, não obrigado!
 
O post está mt bem (como quase sempre), e os vossos comentários, aussi!!
Mas, gostaria de colocar umas questões: o que é ter ideologia no séc. XXI? Será que ainda é válido lutar por uma ideologia? Ou, devemos andar na "onda"? er ideologia é ser narcisista? É ser antiquado? É lutar por causas "mortas"?
Estas questões podem mt bem responder à questão levantada pelo Mário.
Quem governa, deve governar com o seu programa. Por isso se diz que as maiorias é a melhor solução. Não tendo maioria, um partido deve lutar pelo seu programa e coloca-lo em prática o melhor que souber e puder. Se precisar de uma coligação: esse partido de "apoio" não deve de fugir à sua ideologia. Peço desculpa aos presentes, mas AINDA acredito em ideologias. O mal da politica, da sociedade...é a falta de ideologias. Andamos TODOS "na onda", no que está a dar. Já não há uma bandeira por que lutar...é uma pena!! é a vida..dura!!

fp13/1
 
Não concordo com os dois.
O segundo governo de Guterres caiu exactamente por ser minoritário. Estar a um deputado ou a dois da maioria é irrelevante. Também não queria um governo de maioria do Sócrates. Gostava que fosse houvesse um partido que estivesse disposto a fazer coligação com os socialistas, até porque puxava o PS para a esquerda. A questão é que não há.
O problema das ideologias é que o país se torna ingovernável. Se cada um disser «eu daqui não saio», e não estiver disposto a ceder nada, para que lado é que vamos. É o problema dos períodos pós-revolucionários (como os da primeira e da segunda república) em que as posições se extremam e o país entra em colapso, com quedas sucessivas de governos.
 
Se bem me lembro o segundo governo de Guterres caiu porque o PS levou uma grande coça nas autárquicas em 2001, ou não?
 
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