sábado, junho 11, 2005
Um concerto a dez vozes
Alguém sabe responder o que leva uma pessoa a sair de casa, dirigir-se a um bar, pagar um bilhete de 7€ para ver um concerto e depois passar todo o tempo de costas para o palco, a falar em voz alta, a mandar bocas e a rir?
Aconteceu ontem, n'O Meu Mercedes É Maior Que O Teu.
Durante o concerto dos A hawk and a hacksaw (que comento no Caixa de Música), um grupo de 7 ou 8 pessoas decidiram ser uma das atracções da noite. Se calhar tristes interiormente por terem falhado um episódio da telenovela da TVI ou dos Batanetes, vingaram-se nas poucas pessoas que queriam ouvir música.
Eu já estava habituado a cenas destas nos festivais de verão, em que uma fatia cada vez maior do público não gosta de música nem quer saber dos concertos rigorosamente para nada a não ser como ponto de encontro, mas agora a praga espalhou-se para todo e qualquer tipo de espectáculo, quer seja música, cinema ou outro.
Se me permitem, vou descarregar o resto do ódio que ainda me agita transcrevendo um post que enviei a mailing lista dos Mão Morta em dezembro passado:
"Esta discussão já percorreu a lista há uns tempos com outro tom: era a propósito de um concerto dos Mão Morta em que um indivíduo estava constantemente aos berros, durante as músicas e nos intervalos destas.
Eu já estive nos dois lados e falo da minha experiência:
Como espectador, cheguei à conclusão que os chavalos vão aos concertos para (por ordem de importância):
1. Beber umas cervejas.
2. Fumar.
3. Falar ao telemóvel e mandar mensagens.
4. Conversar.
5. Ter assunto para o resto da semana (estilo: então, foste ao concerto dos XXX? É pá, os gajos não valem nada, etc.).
6. Mostrar a roupinha de marca.
7. Combinar o programa para o resto da noite.
8. Eventualmente, e se não chatear muito, ouvir a música e olhar para o palco.
Duvidam? No próximo concerto dos Radiohead, dEUS ou outros que tais encontramo-nos e digam-me se não tenho razão.
Uma passagem curiosa: quando fui ver os Mogwai ao Hard Club, em Fevereiro, estavam dois chavalos (uns 18 anos) atrás de mim que não se calaram um segundo que fosse durante o concerto. Mudei de lugar, mas depois estive a observá-los até ao final do concerto e eles estavam sempre a falar e a olhar para o telemóvel. Um deles até estava de costas para o palco. Pois bem, quando o concerto acabou, calaram-se (!!!), estiveram ali mais uns 10 minutos e foram-se embora.
Do lado de cima do palco, posso vos dizer que no nosso último concerto, nas músicas mais calmas eu ouvia mais o pessoal a falar que a música. Foi porreiro? Apetecia-me descer e desancá-los, mas era!"
Aconteceu ontem, n'O Meu Mercedes É Maior Que O Teu.
Durante o concerto dos A hawk and a hacksaw (que comento no Caixa de Música), um grupo de 7 ou 8 pessoas decidiram ser uma das atracções da noite. Se calhar tristes interiormente por terem falhado um episódio da telenovela da TVI ou dos Batanetes, vingaram-se nas poucas pessoas que queriam ouvir música.
Eu já estava habituado a cenas destas nos festivais de verão, em que uma fatia cada vez maior do público não gosta de música nem quer saber dos concertos rigorosamente para nada a não ser como ponto de encontro, mas agora a praga espalhou-se para todo e qualquer tipo de espectáculo, quer seja música, cinema ou outro.
Se me permitem, vou descarregar o resto do ódio que ainda me agita transcrevendo um post que enviei a mailing lista dos Mão Morta em dezembro passado:
"Esta discussão já percorreu a lista há uns tempos com outro tom: era a propósito de um concerto dos Mão Morta em que um indivíduo estava constantemente aos berros, durante as músicas e nos intervalos destas.
Eu já estive nos dois lados e falo da minha experiência:
Como espectador, cheguei à conclusão que os chavalos vão aos concertos para (por ordem de importância):
1. Beber umas cervejas.
2. Fumar.
3. Falar ao telemóvel e mandar mensagens.
4. Conversar.
5. Ter assunto para o resto da semana (estilo: então, foste ao concerto dos XXX? É pá, os gajos não valem nada, etc.).
6. Mostrar a roupinha de marca.
7. Combinar o programa para o resto da noite.
8. Eventualmente, e se não chatear muito, ouvir a música e olhar para o palco.
Duvidam? No próximo concerto dos Radiohead, dEUS ou outros que tais encontramo-nos e digam-me se não tenho razão.
Uma passagem curiosa: quando fui ver os Mogwai ao Hard Club, em Fevereiro, estavam dois chavalos (uns 18 anos) atrás de mim que não se calaram um segundo que fosse durante o concerto. Mudei de lugar, mas depois estive a observá-los até ao final do concerto e eles estavam sempre a falar e a olhar para o telemóvel. Um deles até estava de costas para o palco. Pois bem, quando o concerto acabou, calaram-se (!!!), estiveram ali mais uns 10 minutos e foram-se embora.
Do lado de cima do palco, posso vos dizer que no nosso último concerto, nas músicas mais calmas eu ouvia mais o pessoal a falar que a música. Foi porreiro? Apetecia-me descer e desancá-los, mas era!"