terça-feira, fevereiro 01, 2005

O Santo Sudário

Nota: Neste post refiro-me a um estudo realizado por Raymond Rogers, que saiu na revista Thermochimica Acta. Soube deste artigo pelo Público de 30.01.2005. Além do Público, o artigo foi referido em outros jornais e revistas, entre eles, para falar só em media escrita em português, BBC Brasil, Diário Digital, Revista Galileu.


A partir de um estudo efectuado por Raymond Rogers, chegou-se à conclusão de que o teste de carbono 14 realizado em 1988 ao Santo Sudário foi efectuado sobre um remendo e não sobre o próprio sudário, e que este é muito mais antigo do que o revelado por aquela datação, pondo em causa a ideia de falsificação medieval. A relíquia terá entre 1300 e 3000 anos.
Quem me conhece sabe que sempre considerei absurda a ideia de que o Santo Sudário pudesse ser uma falsificação medieval. Porque o pano é um mistério indesvendável; porque ninguém consegue perceber como é que a imagem do corpo crucificado ficou gravada; porque não há correspondência entre a figura fotografada e a iconografia medieval de Cristo; porque as marcas das feridas do crucificado adequam-se à forma como era feita a crucificação pelos romanos, que os medievais desconheciam (um exemplo muito referido é o dos pregos nos punhos – na Idade Média pensava-se que as pessoas eram pregadas nas mãos, tal como demonstram as pinturas da época); porque a informática detectou que existem marcas de palavras gregas incompreensíveis para a época (e mesmo que fossem compreensíveis, garanto que os medievais não falsificavam a pensar nos computadores); porque estes mesmos meios informáticos detectaram a existência de duas moedas do período do Imperador Tibério nos olhos da figura (de acordo com um costume judaico do século I de enterrar os mortos com moedas sobre os olhos - como é óbvio os medievais não conheciam este hábito, não tinham grandes noções de numismática e sobretudo não falsificavam a pensar nas tecnologias do século XX). Foram feitos inúmeros estudos aos vestígios de sangue, ao tecido de linho, às partículas de pó encontrada e aos grãos de pólen, etc., e todos eles comprovaram que tecido não podia ser feito na Europa medieval.
A questão é esta, aquele pano envolve um homem, crucificado nos moldes em que o eram os condenados no Império Romano, que conseguiu, de um modo inexplicável, estampar o negativo do seu rosto e do seu corpo nesse pano. Esse homem conseguiu fazer-se desaparecer num ápice pois todos os estudos revelam que se o homem tivesse sido desembrulhado, as marcas existentes no pano (não a figura estampada) teriam outra forma.
É preciso ainda acrescentar que os nossos conhecimentos sobre a Idade Média são suficientemente profundos para sabermos quais os seus desenvolvimentos técnicos e tecnológicos. E por isso não faz sentido supor que eles tinham uma misteriosa sabedoria de estampar figuras em panos que depois se perdeu.
O único dado que colocava o Sudário na idade média era o carbono 14. Mas os historiadores sabem que o carbono 14 é falível, e que esta técnica de datação deve ser cruzada com outras informações, e foi isso que muitos não quiseram fazer.
Agora que este estudo foi apresentado a discussão tem que começar outra vez. Já agora uma pergunta: porque não falam disto os telejornais, uma vez que foram tão rápidos a anunciar a notícia da falsificação?


Comments:
Estou interessado em ler esse estudo (não consigo abrir no teu post).
(Apesar de achar que a FÉ (religiosa)não é medida pelas provas materiais).
Muito se tem discutido sobre o Sudário, e nunca se chegou a qualquer conclusão. Mas que ali há qualquer coisa, há! Só não sabemos o quê.
(pode ser um principio para um livro..tipo o Codigo DaVinci)

fp 2/2
 
Procuro email de Mário Azevedo, preciso retomar contato. Quem puder me ajudar:
Wallace Vianna
wall@wallace.vianna.nom.br
 
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